domingo, 5 de janeiro de 2014

Esperar em Deus


"Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança"(Lm 3.21)

No começo do meu casamento eu me descobri grávida. Não tínhamos condições de ter um filho. Eu estava desempregada, meu marido ganhava bem pouco, mais eu queria muito aquele filho.
Infelizmente Deus não quis que este sonho se realizasse naquele momento e perdi meu filho com oito semanas de gestação.
Muitas pessoas me disseram que eu teria muitos outros mais isso não animou meu coração, ao contrário, me deixava bem triste. Mais eu não desisti. Ouvi do médico que podia tentar novamente em seis meses e foi oque eu fiz.
Foram os seis meses de espera que eu mais tive fé. Orava muito, buscava ainda mais a face do Senhor. E me via como Ana, muitas vezes só chorando, as palavras já não conseguia expressar o tamanho do meu desejo de ser mãe.
E Deus me abençoou, a espera finalmente tinha valido a pena. Meu Fael crescia Dentro de mim. A gravidez foi difícil, mas sempre aprendi que as bênçãos de Deus sempre vêm após as tribulações.
Finalmente eu estava ali com o meu filho no meu colo, meu coração estava tão alegre que eu nem conseguia me segurar .
Aqueles olhinhos que me olhavam como se eu fosse a melhor coisa do mundo, que me olhavam com um amor verdadeiro e desinteressado. Rendi e rendo graças a Deus por ter me permitido viver e sentir este amor tão lindo, tão grande, que creio ser o mesmo amor que Deus tem por nós.
Mais uma vez, entretanto, eu veria meu sonho desmoronar, pois depois de cinco dias a contra gosto e com muita revolta tive que devolver meu filho ao Senhor.
Mas dessa vez eu cai, não tinha mais forças para orar, nem para esperar nada . Meu coração ficou vazio sobrou somente a dor de não ter meu filho.
As pessoas me diziam novamente: “Deus te dará outros filhos”, “Deus é bom” e isso só me irritava, eu não queria outros filhos eu não queria ter fé, porque eu tinha tido fé, eu tinha tido esperança e foi tudo em vão.
Achei que fosse morrer, eu pedia a morte para Deus constantemente, minha vida virou de cabeça pra baixo, quase perdi meu marido, na verdade nem me importava muito, a minha família jamais seria completa novamente.
Mais Deus não precisa de nós para trabalhar, Ele continuava me carregando no colo, cuidando de mim, do meu casamento, e colocava constantemente pessoas em nossa vida que nos abençoava. Ainda assim eu não queria, nem conseguia ver que Ele estava trabalhando por nós.
Aos poucos a esperança foi renascendo em nosso coração, a vontade de ser pais continuou a crescer, e agora esperamos em Deus que Ele nos abençoe novamente com um filho lindo como o meu Fael.
O Fael não nasceu com um coração especial a toa, o “meio coração” dele me fez conhecer um mundo de fé e força, mães que lutam com seus guerreiros e vencem todos os dias uma pequena batalha sempre com muita esperança em um futuro que é incerto.
O exemplo delas me deu forças para continuar vivendo, e tem feito crescer dentro do meu coração a vontade de lutar pelo meu sonho , de esperar mesmo que demore, mesmo que não pareça impossível, pois a sua palavra Diz que devemos trazer a memoria quilo que nos traz esperança.
O profeta Jeremias escreveu essa frase em uma época em que Jerusalém estava cativo na Babilônia, e o povo estava sofrendo muito. A situação era muito desfavorável e ainda assim ele esperava em um Deus que parecia distante. É assim que eu quero a minha vida esperando mesmo que Deus pareça estar muito longe.
Já faz um ano e quase dois meses do nascimento do meu filho, e todos os dias ainda luto contra a dor que quer me sufocar. À diferença é que hoje já consigo ter mais controle da dor e da saudade.
Para as mamães que estão passando pelo mesmo que eu não é fácil voltar a ter fé e esperança, na verdade é um exercício diário, tem dias que não consigo pensar dessa forma. Oro por todas e sei que tem muitas que oram por mim.
Que Deus nos ajude a continuar a caminhar e que esse sonho em nossas vidas não se frustre.
by Fernanda Da Costa Xavier