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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O colo que não dei parte 2- O outro lado da saudade- Como ficou a minha vida nos dois anos da perda do meu filho.



Como muitos de vocês sabem eu tive um filho com uma rara cardiopatia chamada SHCE (Síndrome da Hipoplásia do Coração Esquerdo), que infelizmente viveu somente cinco dias, não resistiu ao primeiro procedimento cirúrgico.
No primeiro texto eu expliquei pra vocês que o Faelzinho na verdade foi fruto da minha segunda gestação , eu perdi um na barriga antes dele.
O motivo de escrever este texto é compartilhar com vocês um pouco da dura experiência que é ser mãe de anjo. Existiu uma Fernanda antes do Faelzinho e uma após a sua volta para os braços do Pai. Nós mães de anjos, até conseguimos falar da dor que é não ter nossos filhos, da saudade que sentimos deles, mas poucas vezes falamos sobre como é tentar sobreviver depois deles. No primeiro momento assumimos que não há mais vida. Eu assumi que não havia mais nada pra mim neste mundo, entreguei minha alma pra Deus e pedi que me levasse, eu precisava ficar com o meu bebe.
A Fernanda de antes, mesmo não sendo muito vaidosa, gostava de se arrumar tinha um riso fácil, era mais fácil de lidar (apesar de ser muito teimosa), enfim era muito mais alegre.
Perder o meu Fael (depois de ter perdido o primeiro bebê) foi algo que ainda não consigo denominar, simplesmente me arrasou. Posso comparar sem medo de errar que fiquei devastada como se houvesse passado um furação na minha vida, tudo saiu do lugar, nada estava certo. Não me parece certo por exemplo, uma mãe enterrar o filho, não acho antural.
Esse primeiro momento durou na minha vida pelo menos um ano.Um ano onde eu não vivia, não fazia nada, não me arrumava, não arrumava minha casa, nos primeiros cinco meses fiquei deitada e só levantava quando ia pra Ong.
Após esses cinco meses, voltei a trabalhar, desenvolvi síndrome do pânico, não conseguia sair sozinha de casa, meu marido mudou de horário no trabalho pra pelo menos me buscar no trabalho. Continuei a trabalhar porque a minha supervisora da época me ajudou bastante, e porque encontrei apoio em uma amiga de trabalho que também tinha perdido seu filhinho na mesma época que eu.
Ainda assim não fazia nada somente trabalhar, comecei a comprar mais vezes na semana pizza, e eu que odeio comida congelada, vivia comendo. Se para a sociedade ser uma boa esposa é lavar, passar , cozinhar , então definitivamente eu não era uma. Minha depressão atingiu níveis altos, mas não queria tomar os remédios receitados pelo psiquiatra, não queria me tornar depende.
Sempre lia relatos de algumas mãezinhas que além de perder o filho acabavam perdendo seus companheiros que não aguentavam tanta tristeza, pois também tinham a sua dor para lidar, e pensava que era muito abençoada, afinal meu marido estava sempre ao meu lado.
Engano meu, no final de quase um ano da perda do meu filho de noites inteiras sem dormir só chorando, ou na internet, me casamento começou a dar indícios de que estava capengando.
Tivemos muitos problemas e quase nos separamos. E pra falar a verdade naquele momento só fiz um esforço maior pra não acabar porque queria muito ter outro filho, e queria que fosse com ele.
Mas meu marido havia decidido que não queria outro filho, e ai eu tive que abrir mão do meu sonho, porque percebi que ainda o amava, e teria que esperar a hora certa pra tentar novamente.
Deus ouviu minhas orações e mudou o coração dele, e resolvemos em Dezembro de 2013 que voltaríamos a tentar novamente.
Engravidei e perdi com quase 5 semanas, e ai era o sinal vermelho, não tinha um motivo, já que tínhamos feito aconselhamento genético e estava tudo certo. Meus exames davam normal. Não entendia o porque mais uma vez me era negada o sonho de ser mãe. Mais um golpe e a tristeza aumentava, a saudade aumentava, mas já tinha aprendido a esconder mais meus sentimentos, a controlar mais os momentos de chorar, e como uma boa atriz no palco da vida aprendi a fazer a plateia sorrir, quando o meu coração insistia a não se curar.
Passou-se um mês e fomos comemorar o aniversário do meu marido (que faz aniversário em fevereiro ,no começo de março). E em abril descobri para minha surpresa que seria mãe novamente.
A gestação está correndo bem.A Raphaela nasce se Deus quiser dia 12 de Novembro . Tivemos algumas complicações, mas graças a Deus com repouso está tudo dando certo.
Este ano tivemos muitas turbulências na nossa casa, ainda fruto da tristeza e do vazio que sinto por não ter meu Fael comigo.
Esse ano dia 28 de Outubro ele faria dois anos de nascido, mas ao invés disto completará dia 01 de novembro dois anos da sua partida. E ainda tenho que ir ao cemitério para a exemução do seu corpinho... fechar mais um ciclo.
A vinda do meu filho me ensinou a ser mais humana, me importar de verdade com o outro, mas me deixou marcas profundas. Sei que jamais serei a mesma que era quando o carreguei no colo , quando o amamentei, quando o vi pela primeira vez, esta Fernanda ficou lá atrás num passado muito feliz que não existe mais.
A Fernanda de hoje tenta prosseguir, tenta aceitar o que não dá para mudar, tenta ser feliz, tenta reconquistar o que perdeu, mas continua prosseguindo.
A vinda da Raphaela tem me deixado bastante ocupada, e muito muito feliz também. Mas a Raphaela é única e tem um espaço só dela, que milagrosamente tem me feito renascer desde o dia que eu vi as duas risquinhas do positivo. Ela é meu sol após a tempestade, mas o Meu Fael também é único e nunca ninguém poderá tomar o lugar que pertence a ele.
Um filho não substitui o outro, amo os meus quatro bebes,( porque me considero mãe dos que perdi no inicio da gestação também) espero em Deus que Ele me conceda a honra de criar minha princesa, mas a saudade do meu príncipe ainda machuca muito.
Se você como eu perdeu um filho , sabe que agente tem saudade do que viveu e do que não viveu.
Não existe um manual pra sobrevivência, nem sei como agente continua viva, mas posso dizer que há como recomeçar, há como prosseguir, esquecer nunca esqueceremos, ao contrário parece que o tempo passa e o amor só aumenta.
Seus relacionamentos mudarão. Não só com os cônjuges. Algumas ficarão casadas e passarão por uma mudança enorme, terão que recomeçar todos os dias (Se você puder fazer isso o quanto antes sofrerá menos). Algumas não importam o tamanho do esforço que você fizer (ou não), simplesmente o seu relacionamento irá desmoronar, perder um filho é tão difícil para a mulher quanto para o homem.
O que você deve saber é que mesmo que pareça que não , e que você como eu brigue com Deus, se revolte com Ele, ainda assim Ele estará de carregando, fale com ele mesmo que seja pra brigar como eu fazia ( e confesso ainda faço), porque eu creio que ele recolhe suas lágrimas e te carrega no colo.
Eu sei que se estou ainda em pé é porque o Senhor me carregou.
Até a próxima postagem, deixem seus comentários.

By Fernanda da costa Xavier

*Texto de autoria de Fernanda da costa Xavier, nunca esquecer de mencionar a fonte e autoria do texto se for utilizar

Se já chegou até aqui leiam também o texto que o meu marido fez contando como é e foi pra ele o outro lado da saudade.Lições para pais de anjo.
Acesse:

http://vossavateologia.blogspot.com.br/2014/10/licoes-da-vida-para-pais-de-anjo.html





sábado, 8 de junho de 2013

Desabafo

"Quanta saudade , meu Deus, quanta saudade...
Ainda não consigo entender o porque de tudo isso.
O porque de eu não ter meu filho enquanto tantas "mães" por ai abortam, jogam os filhos no lixo, enterram vivos...
Deve ter uma coisa muito errada com a humanidade, não é possível que Deus não veja isso!!
Eu creio em um Deus justo, mas quando vejo tanta injustiça, minha fé vacila.Muitos podem achar que já se passara meses, e que eu deveria superar, mas essas pessoas não sabem como é viver sem sua alma, sem seu coração dentro de você.
E me dizem palavras lindas que são vazias, porque NADA no mundo inteiro pode me consolar.
Descobri recentemente que não perdoei Deus por ter levado meu filho, me senti traída, me sinto preterida....
Muita gente ao ler isso vai pensar que eu enlouqueci... devo ter enlouquecido mesmo. Não sou a mesma pessoa desde que tive que deixar meu filho ali, inerte dentro de um caixão, desde que tive que ver ele sendo vestido com a sua saída de maternidade, que eu demorei meses para escolher, não para que viesse pra casa, mas para que fosse enterrado.
Mas eu afirmo eu PRECISO perdoar Deus, Ele não precisa do meu perdão ao contrario, geralmente somos nós que precisamos de perdão, mas quando digo que tenho que perdoa-lo, é pra mim mesma conseguir acreditar sem sombra de dúvidas...
Não pensem que estou afastada dos seus caminhos, estou andando tão junto com Ele (só quem passa por grandes provas vai entender o que estou dizendo), então estou andando tão junto Com Ele, que me sinto a vontade de conversar com Ele de forma franca e direta. Deus não precisa da minha hipocrisia, o Deus que eu sirvo, preza a verdade e sinceridade, então porque eu devo dizer que está tudo bem , que Deus sabe o que faz, e todas as coisas lindas e maravilhosas que todo mundo fala, muitas vezes com o coração vazio desses sentimentos.
Andar com Deus, conhecer a Deus ao meu ver é isso é ser verdadeiro, é ser irrepreensível, é buscar não errar.
Com certeza não é ficar esquentando banco de igreja, criticando os que são menos capazes de viver como você, de viver de aparecias.
Jesus, nos deu um mandamento de amarmos, uns aos outros, de alimentarmos quem tem fome, de visitarmos os enfermos, e infelizmente a igreja como um todo dificilmente faz isso, é uma meia dúzia que vive assim, então antes de me criticar por tudo o que escrevi , você que é meu irmão em cristo, pare e pense quantas vezes você faz isso, quantos hospitais você visita, quantos projetos sociais você faz parte, ou mais simples, antes de me criticar por tudo que escrevi, pense quantas vezes, você meu amigo, que se diz meu irmão veio me visitar depois que perdi meu filho?
Então sim, mesmo chateada, mesmo com a fé abalada, e mesmo não indo na igreja com a frequência que ia antes, eu ando com Cristo, eu vivo um dia de cada vez, e ainda estou aprendendo a ser cristã. A minha igreja hoje são as pessoas que precisam de mim, afinal a igreja sou eu!!
Desabafo


Fernanda da Costa Xavier

sábado, 11 de maio de 2013

Poema para o meu Fael


Poema para o meu Fael

Lembro-me exatamente,
Do dia em que me tornei mulher plenamente,
Foi o dia que meu coração parou.
Pois em um passe de mágica,
De repente,
Tornei-me mãe da semente que o meu corpo gerou.
Porém, infelizmente,
Sem motivos aparentes,
O grande Deus Benevolente,
O levou.
Não podia deixa-lo ir tão facilmente,
E me revoltei grandemente.
Então Deus Docemente,
Falou:
Estou levando seu Fael,
Que viverá como um anjo no céu.
E para que saiba que sou Fiel
Faço-te uma promessa veemente.
Encontrá-lo-á novamente
E serão felizes eternamente
Nas mansões do Salvador.
Autoria: Fernanda da Costa Xavier (texto registrado)



*Texto de autoria de Fernanda da costa Xavier, nunca esquecer de mencionar a fonte e autoria do texto se for utilizar

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Todos os dias

Todos os dias.


Todos os dias me levanto
Pronta para guerrear,
Minha guerra é contra meu pranto
Que jorra sem cessar.
Todos os dias me levanto,
Com a saudade a apertar,
E já peço ao Espirito Santo
Que venha me consolar.
Todos os dias me levanto
Sem querer me levantar,
E a Deus me quebranto
Pra ter forças pra lutar.
Todos dias me levanto
Com um pedaço a faltar,
Falta meu coração, que por enquanto
Com meu anjo no céu foi morar.
Todos os dias, me levanto
Mesmo sem ter como caminhar
Mas caminho, esperando.
Meu amor poder te dar.
Todos os dias, me levanto
Pedindo para o tempo passar,
Não queria esperar tanto
Para o meu anjo reencontrar.
By Fernanda da Costa Xavier

*Texto registrado
*Texto de autoria de Fernanda da costa Xavier, nunca esquecer de mencionar a fonte e autoria do texto se for utilizar

terça-feira, 5 de março de 2013

A vida de Jó e as mães que perderam seus filhos



Muitas vezes a vida de Jó é utilizada como exemplo para nós mães que perdemos nossos filhos.
As pessoas, constantemente , nos dizem :"olha lembra de jó?,então ele perdeu dez filhos e ainda glorificou a Deus"
O que as pessoas não sabem, ou não entendem é que o processo que ele passou até chega a isso , foi árduo e penoso, muitas vezes chegando a pedir a morte para Deus, chegando a amaldiçoar o dia do seu nascimento.
Isso acontece realmente conosco, pelo menos comigo, quantas vezes cheguei a pensar no porque ainda estava viva, afinal uma parte de mim muito grande foi arrancada e enterrada, unto com o meu filho.
E fiquei esses quatro meses meditando na vida de Jó, e recentemente respondi uma linda mensagem que recebi de uma grande amiga com as conclusões que eu tirei dessa história, segue trechos da reposta que enviei pra ela:


Sabe, a dor de perder um filho chega até ser física. Antes fosse só física porque assim tomaria um remédio e logo passaria... Ela chega a ser física mais é na alma. Você já não é a mesma pessoa, entende?
Espero em Deus que com o tempo eu consiga voltar a respirar novamente, talvez isso aconteça quando tiver outros filhos sim... mas um filho NUNCA substitui o outro.
Quando utilizamos a passagem da vida de Jó onde ele fala : "O Senhor me deu, o Senhor me tomou, bendito seja o nome do Senhor", muitas vezes a usamos fora do contexto... não é fácil chegar ao ponto que ele chegou e dizer isso.Posso te garantir que Jó poderia ter perdido TUDO até a própria vida e seria preferível a perder um filho quanto mais dez!!
Quando Jó, falou essa frase, ela já estava chegando ao final da sua prova, Deus já estava mudando o cativeiro dele, e o que sabemos sobre isso? Sabemos que Jó teve TUDO em dobro né?
Ai quando lemos lá o que lhe foi dado em dobro, vemos a descrição, de O dobro de bois, propriedades, e ai chega na parte dos filhos ele tem novamente sete filhos e três filhas, totalizando dez filhos no geral.
Ai você me pergunta, como? não era em dobro? ele já tinha antes dez e perdeu dez, se ele teve TUDO em dobro, porque os filhos são o mesmo número.
Eu meditei sobre isso esse tempo todo, e encontrei a explicação, Deus me fez ver que realmente foi em DOBRO, ele teve novamente o mesmo número de filhos, porque se você contar os dez que ele perdeu e juntar com os outros dez dará o número correto.
Deus nos mostrou o que? que substituição de filhos não existe e Ele jamais faria isso. Ele nunca, substituiria os filhos de Jó, ele teve outros , mas não teve mais vinte (já que seria o dobro), porque filho é algo que não dá para repor.
Creio que ter mais dez filhos deve ter alegrado o coração dele, mas de forma alguma ele esqueceu os filhos que teve, e o coração deixou de doer.
Para Jó ter chegado ao ponto de dizer a famosa frase :"O Senhor me deu, O Senhor tomou.." ele passou por um processo dolorido no qual chegou a amaldiçoar o dia do seu nascimento, pediu a morte para Deus dissessas vezes.Questionou Deus inúmeras vezes, do porque tudo aquilo.Veja bem, ele questionou a Deus, não a soberania de Deus,porque também vemos no decorrer do livro quanto Jó adorou a Deus no meio da prova também.
Então é isso meus amigos,essas foram as conclusões que tirei com a passagem da vida de Jó. Mais uma vez com essa história compreendo que mesmo quando perdemos tudo, e para uma mãe TUDO é o seu filho, (porque meus dois anjinhos forma meu mundo); Então, mesmo assim, Deus prova o amor e respeito que tem por nós, Ele sabe que uma hora a dor e a revolta se não passarem irão amenizar, daí ele começa o processo de cura, afinal a própria bíblia diz:

" Pois ele fere, mas trata do ferido; ele machuca, mas suas mãos também curam." JÓ 5.18
Fernanda da Costa Xavier
*Texto de autoria de Fernanda da costa Xavier, nunca esquecer de mencionar a fonte e autoria do texto se for utilizar

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O Colo que Não dei

O Raphael nasceu fruto de uma vontade imensa de ser mãe. Mesmo sem ter muitas condições e ser recém casada eu queria desesperadamente engravidar.
Casei em junho de 2011, em Julho estava grávida, com oito semanas de gestação perdi meu bebe e isso me deixou arrasada. Não trabalhava na época e entrei em depressão .Resolvi que voltaria a trabalhar porque precisava ocupar a minha mente, as pessoas não entendiam o motivo de toda aquela tristeza, já que a gravidez estava no comecinho, mas pra mim me faltava um pedaço .
Desde o começo tive problemas, tive vários sangramentos, tomava Ultragestan e progesterona, vivia no pronto socorro, até que no dia 25 de agosto de 2011 fui a consulta, a médica pediu uma ultrassom, e quando o médico procurou os batimentos cardíacos não encontrou e ele me disse muito friamente: “olha o feto, esta amorfo (sem forma), a placenta descolada totalmente, e não tem batimentos cardíacos, essa gravidez não é viável. Eu ouvia, olhava pra ele e me deu um vontade de gritar, mas voltei pra sala da doutora, entreguei a ultrassom e ela, sim, muito humana, me disse várias coisas confortadoras, me orientou a não fazer a curetagem, para evitar outros futuros abortos e me passou uma medicação para abrir o colo do útero, tomei essa medicação duas vezes no dia conforme ela havia prescrito e a noite senti uma cólica imensamente forte, sangrei muito e saiu a placenta e dentro de uma bolinha ainda com agua toda fechadinha o meu bebezinho, que pra mim tinha forma de feto sim, bem pequenininho. Continuei tomando a medicação, voltei na médica fiz exames, e ela me disse que podia tentar de novo em 6 meses. Cheguei em casa, fiz um calendário, e riscava todo dia o quanto faltava...
Em janeiro de 2012 , ainda menstruei normalmente , mas em fevereiro... minha alegria, minha surpresa, fiz o teste de farmácia no serviço e, quando vi, tinha dado POSITIVO, fui até p ambulatório do trabalho pedi duas guias de BHCG Quantitativo, uma para aquele dia e outra para repetir em 48 horas, para saber se estava aumentando o hormônio, já que esse foi um dos problemas que tive na primeira gravidez. Liguei pro meu marido que chorou com a noticia e quando chegou em casa ficava alisando minha barriga. Fiz os exames, os resultados estavam certinhos e foi só alegria;
A minha gravidez foi tranquila apesar de ter adquirido pressão alta, tomava meus remédios e só comia fruta, emagreci ao invés de engordar, uns 6kg, só engordei novamente no fim da gravidez , mas meu filho sempre foi grande e pesadinho, ele se desenvolveu muito bem , pelo menos era o que aparentava.
Descobri o sexo com mais ou menos 5 meses de gravidez, e chorei ao saber que era menino, falei pro meu marido que quando o Faelzinho crescesse não ia me visitar, como perceberam o nome escolhido foi Raphael Filho, e meu marido ficou todo bobo, porque o filho ia ter o mesmo nome dele.
Chegamos a 40 semanas sem nenhuma grande intercorrência, como ele não nascia e já estava sem espaço, foi feita a cesárea e no dia 28/10/2012 as 12:14hrs, nascia meu amado filho, que emoção, ele nasceu grandão com 49 centímetros, 3945kg, apgar 8 e 9, um sonho. Falei pro meu marido ficar grudado nele tinha muito medo de trocarem meu bebe na maternidade, ou roubarem.
Fui para o quarto e aproveitei meu bebe até o dia seguinte, quando levaram ele para dar banho, fui atrás ficar olhando pelo vidro, e percebi que a pediatra fez uma cara estranha quando escutou o coração dele, colocou ele no oximoro, o monitor estava virado pra frente, e me desesperei ao ver a saturação do meu filho tão baixa, falei pro meu marido que ela pediria UTI pra ele e foi o que aconteceu.
Desde que o Faelzinho foi para o quarto eu havia percebido que ele respirava cansadinho, falei para as enfermeiras, falei pro meu marido, falei pra todo mundo que entrava no quarto, mas falavam que era coisa da minha cabeça.
A médica muito boa Dra Monica, me falou que o Raphaelzinho provavelmente era portador de alguma cardiopatia congênita, que existiam várias e naquele momento sem os exames ela não saberia me precisar qual era, disse que ele iria para a UTINEO, para ser monitorado de perto e receber medicações para manter a válvula do coração dele aberta. A noite me chamaram porque ele tinha feito a ecocardiografia e a cardiologista, me explicou que ele era portador da Síndrome da Hipoplásia do Coração Esquerdo SHCE, e de outros problemas (que só mais tarde descobri os nomes CIA e Coartação da Aorta) e que este problema o tratamento era cirúrgico, mas que a cirurgia seria paliativa e eram mais de uma cirurgia, disse que pediria transferência pra ele porque o tratamento cirúrgico eles não tinham condições de fazer ali naquele local.
No dia 30/10 fomos transferidos para o hospital de referência do convênio, foram feitos novos exames e no dia 31 conversamos com os cirurgiões que explicaram que o tratamento convencional que são três cirurgias em idades diferentes, não era indicado para ele naquele momento porque a aorta dele era muito fininha torta e muito estreita. Primeiro ele faria uma cirurgia denominada cirurgia Hibrida, para que ele pudesse ter chance de passar pelas outras.
Lembro que ficava ali em pé e cantava pro meu bebe na incubadora, a mesma música que ele ouvia na barriga , chorava, orava, ele mesmo sedado melhorava a saturação quando ouvia minha voz, quando eu tocava nele, ele sabe que foi e é muito amado.
NO dia 01/11/12 foi feita a cirurgia do meu filho. Acompanhei ele ate a porta do centro cirúrgico dei um beijo nele, minha mãe e meu marido também e foi a última vez que vi meu filho com vida as 19:15hrs ele faleceu vitima de um choque hemorrágico e parada cardíaca, meu bebezinho não aguentou a cirurgia.
O que eu senti com a notícia foi devastador, parecia que eu estava olhando outra pessoa passar por aquilo, meu marido me abraçou e choramos como criança.
Ele também ficou muito abalado, o Raphaelzinho sempre mexia quando ouvia a voz dele na barriga, e ficava quietinho quando o ´pai pegava ele no colo.
Tinham providencias a serem tomadas e eu não quis ninguém tomar as decisões por mim, fui até a internação pedi a declaração de óbito, que a menina não sabia fazer e me irritou muito, porque eu vi que ela estava fazendo errado e teria que refazer (trabalhei em hospital), naquele momento enquanto ela preenchia a declaração de óbito eu lembrava de todas as vezes que eu tinha preenchido aquele mesmo papel... não imaginava alguém fazendo isso do meu filho.
Queria ir até a funerária, mas meu marido pediu pra deixar meu sogro e minha mãe escolherem o caixão, dei instruções de como eu queria, voltamos para o hospital de madrugada para liberar o corpo, eu queria vestir meu filho, as pessoas falavam "não vai ver não", mas eu quis ver meu filho. A saída de maternidade que eu tinha comprado com tanto carinho, pedi para as enfermeiras vestirem nele, e ele ficou lindo parecia um anjinho.
Fomos pra casa, ele foi velado na igreja que meu marido cresceu, lembro de sentar e olhar fixamente para o caixão, era irreal aquilo, um mês antes eu tinha escolhido os móveis do cantinho que fiz pra ele e agora, ele tava ali inerte naquele caixão.
Eu não ia ter o chorinho de madrugada, não ai amamentar, não ia ver meu filho se desenvolver, não ouviria ele me chamar de mamãe.
As pessoas tentavam me consolar, mas só me irritava ouvir as mesmas palavras, que de consolo não tem nada. O culto fúnebre foi lindo, muitas pessoas compareceram para nos apoiar e foi importante, enquanto ele estava internado ouve uma comoção na internet de oração em prol da vida dele, pessoas de vários locais oraram pelo meu filho, e eu sou eternamente grata por isso.
Quando recebemos a notícia da morte do Faelzinho, o Raphael meu marido escreveu o seguinte texto que foi lido e distribuído no velório dele:

“O Raphaelzinho foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. Foi fruto do meu amor pela Fernanda.
Infelizmente quis Deus levá-lo com apenas 5 dias de vida. Entretanto esses 5 dias mudarão o restante da minha vida.
Nesses dias pude contemplar o meu pequeno Guerreiro em sua luta, pude abraça-lo, beijá-lo, sentir o seu agradável cheirinho. Essa experiência é a mais magnífica e gratificante que existe, eu aproveitei todos os momentos.
Não pude acordar a noite com seu choro, nem para dar-lhe de mamar ou ao menos trocar sua fraldinha.
Não poderei vê-lo andar, falar, cair, se machucar, se curar, quebrar a casa toda.
Pais que lerem esta carta, saibam que esses não são problemas, na verdade, são privilégios, aproveitem cada segundo com seu filho, curta cada momento com ele, não se neguem de brincar com ele quando chegar em casa cansado. Se derretam quando virem seus biquinhos de manha, quando olharem com ternura, pois pode ser a ultima vez, no meu caso foi.
Jamais esquecerei aqueles olhos pretos me olhando, seu cabelo espetadinho, o biquinho que ele fazia.
5 dias, apenas 5 dias e Deus o levou de mim, 5 dias que mudaram toda minha vida.
Raphaelzinho, eu te amo e mamãe também, Vai com Jesus, logo, logo nos veremos outra vez.
Com amor,
Papai e Mamãe”


Hoje faz exatamente 2 meses e 21 dias que ele nasceu 2 meses e dezoito dias que ele voou de volta para os braços do pai.
Voltar para casa só voltei depois de um mês, e quando vi tudo aqui o berço vazio, as roupas ainda sem usar, o estoque de fraldas que eu tinha feito, chorei muito, mas acabei me acostumando, hoje não quero desmontar nada, mas sei que isso será inevitável. Me angustia saber que esse momento vai chegar e precisarei ser forte.
Todos os dias dói para respirar; todos os dias.
É difícil levantar, foi difícil ter leite e não ter bebe para amamentar, doí não ter o cheirinho de bebe em casa, doí ter o colo vazio. Perder um filho é perder um sonho, uma parte de você. Choro todos os dias ,me pergunto todos os dias o porquê, e nunca encontro resposta. Só durmo se for com a roupinha que ele usou comigo, mas tive uma crise porque acabou o cheirinho dele.

Hoje sou mãe de dois anjinhos, uma mãe tendo que viver sem os filhos para cuidar. Encontrei apoio em pessoas que nem conheço, mas compartilham comigo a mesma dor e saudade de seus anjos
Estou tentando sobreviver, porque viver mesmo, eu deixei na hora que meu filho morreu.


Fernanda Costa Xavier





quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Até Eu Vir Buscá-lo Outra Vez

Até Eu Vir Buscá-lo Outra Vez



"Emprestarei a vocês este filho querido
Por um tempo" - ouvimos Deus dizer -
"Para que o amem enquanto tiver vivido,
E o chorem se vier a a morrer."

"Talvez por dois anos, quatro, ou cinco até,
Ou quem sabe, chegue a vinte e três,
Seja o que for, Meu pedido agora é:
Podem cuidar dele até eu vir buscá-lo outra vez?"

"O seu jeito de ser lhes trará horas gostosas,
E se sua estadia acaso mui breve for,
Vocês ficarão com lembranças preciosas,
Como um consolo para a vossa intensa dor."

"Que ele ficará com vocês, não posso prometer,
Já que tudo, da Terra, precisa voltar,
Porém há lições para ele aí aprender,
Que de outro modo nunca iria assimilar."

"Eu procurei por todo o mundo, a buscar,
Pessoas aptas que pudessem ensiná-lo,
E das multidões que estão na vida a caminhar,
Achei que só vocês poderiam ajudá-lo."

"Será que poderiam dar a ele todo o amor,
Sem pensarem ser trabalho em vão,
E nem se ressentirem contra Mim quando Eu for
Aí buscá-lo, para tê-lo comigo então?"

"Creio haver ouvido de vocês a oração:
Amado Senhor, seja feito o Teu querer;
Pelo gozo que este filho possa trazer então,
Correremos o risco de tal dor sofrer."

"O cobriremos de amor, terno e permanente;
A ele vestiremos de carinho e bondade;
E a Ti ficaremos gratos agora e eternamente,
Pois nos fizeste conhecer felicidade."

"E se chegar a hora que o quiseres chamar,
Antes até do que havíamos planejado,
A dor que virá, procuraremos enfrentar,
E compreender que isto foi o Teu cuidado."

(Autor desconhecido)




sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Carta do Papai sobre o Faelzinho

"O Raphaelzinho foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. Foi fruto do meu amor pela Fernanda. Infelizmente quis Deus levá-lo com apenas 5 dias de vida. Entretanto esses 5 dias mudarão o restante da minha vida. Nesses dias pude contemplar o meu pequeno Guerreiro em sua luta, pude abraça-lo, beijá-lo, sentir o seu agradável cheirinho. Essa experiência é a mais magnífica e gratificante que existe, eu aproveitei todos os momentos. Não pude acordar a noite com seu choro, nem para dar-lhe de mamar ou ao menos trocar sua fraldinha. Não poderei vê-lo andar, falar, cair, se machucar, se curar, quebrar a casa toda.Ou virem seus biquinhos de manha, quando olharem com ternura, pois pode ser a ultima vez, no meu caso foi. Jamais esquecerei aqueles olhos pretos me olhando, seu cabelo espetadinho, o biquinho que ele fazia. 5 dias, apenas 5 dias e Deus o levou de mim, 5 dias que mudaram toda minha vida." Raphaelzinho, eu te amo e mamãe também, Vai com Jesus, logo, logo nos veremos outra vez. Com amor. Papai e Mamãe






quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Faelzinho... Meu Anjinho

Filho eu já te amava mesmo antes de você ser concebido. Você foi esperado, planejado e muito, muito desejado. A mamãe lembra quando viu aquelas risquinhas que significavam positivo, o primeiro ultrassom, e todas as vezes que ia ao médico o seu coração fazia o meu bater mais forte. Quando descobrimos que você era um menino , o papai e a mamãe choraram de emoção, a mamãe logo se preocupou com quando você crescesse e casasse, eu tinha medo de você não vir me visitar... Fizemos o seu enxoval de maneira toda especial, demoramos quase quatro meses, só para escolher sua bolsa de maternidade e a saída. Te sentir mexer dentro de mim foi a experiência mais incrível e mágica que eu poderia ter tido, e eu amava cada momento, cada chute, (mesmo quando vc chutava meu estomago). Cada dia aumentava mais a minha ansiedade, para te ver, até que chegou o dia. Quando você nasceu, o amor que eu já sentia aumentou infinitamente , tive medo de te perder, pedi para o papai te seguir para todo o lado, com medo que você fosse trocado na maternidade... Quando finalmente te trouxeram para perto de mim, senti um alívio, finalmente meu príncipe estava comigo, me iludi achando que você estava seguro. Logo percebi que havia algo errado, mas todos diziam que não tinha, até o momento que te tiraram de mim e começou meu pesadelo. Foram cinco dias das mais contraditórias emoções, alegria, medo, fé, esperança, tristeza angustia. Sei que em todos esses momentos Deus carregou a mamãe e o papai no colo. Tive forças para ficar na UTI com vc, mesmo operada. Isso eu agradeço a Deus. Ah filho, como mamãe queria poder te dar um coração... Vc lutou muito, mas Infelizmente Deus te recolheu, e agora ficou só a dor, a tristeza a angustia de ter te tido e logo ter te perdido. Meu bebezinho lindo, não me esquecerei do seu cheirinho, do seu biquinho, de como vc olhava pra mim com se entendesse tudo o que eu falava. Acordar todos os dias e me deparar com a dura realidade de não te ter comigo é muito difícil, às vezes nem quero mais levantar, mas levanto todos os dias, porque sei que devo prosseguir por amor ao papai. Te amo meu anjinho, nunca te esquecerei .... Mamãe