Sei que o blog está muito tempo sem postagem, mas foi necessário esse tempo para poder respirar e ir me focando na minha família.Durante muito tempo o blog e os grupos de mães eram o meu refugio, mas foi necessário parar um pouco para cuidar do que eu tinha aqui na terra, sem esquecer nenhum minuto do meu anjo no céu...
No último post eu contei que depois do Fael eu tive a Raphaela, e de surpresa a Sophia.
Creio que Deus me enviou ela para me lembrar que o controle de todas as coisas são Dele, mesmo que as vezes pareça que Ele nem nos vê e que estamos só ,perdidas na nossa dor.
A Sophia venho proveniente de uma escorregada,e não descobri que estava grávida até quase dois meses. O mais impressionante é que a Rapha é que apontou para minha barriga e disse que tinha neném, na hora eu ri e uma semana depois sem sentir nenhum sintoma resolvi fazer um exame de farmácia, pois como ainda não menstruava (já que eu amamentava) e tinha consulta na mesma semana na médica queria falar com certeza tudo para ela.
Fiz o teste e quando coloquei a fitinha no xixi já subiu logo as duas risquinhas, bem fortes e eu entrei em choque... A Rapha só tinha 1 ano e 1 mês e eu já ia ter outo bebê? chorei muito, e me envergonho de dizer que não foi de emoção, mas sim de preocupação.
Na época eu trabalhava muito e quase não tinha tempo pra Rapha,também fiquei preocupada em como ela lidaria com um irmão... sem contar que as coisas não estavam exatamente maravilhosas no meu casamento pois os dois ainda estavam muito feridos e o luto ainda era muito presente em nossa vida... chorei por uma semana inteira, até que meu marido me abraçou e falou : "Amor para com isso, nós já sofremos tanto, dois abortos e ainda a morte do nosso filho..." eu olhei pra ele e disse que de todas as minhas preocupações a maior era de perder outro bebê, ou que nascesse com a mesma cardiopatia do Fael... E ele me falou que independente do que acontecesse nós íamos dar conta de alguma forma.
As palavras dele me deram forças e eu passei a me sentir mais segura. A gravidez decorreu sem problemas até quase o final.Consegui aproveitar muito e curti cada momento, a Rapha interagia bastante com a barriga,o que começou a me deixar mais tranquila. O ecocardiograma fetal dela deu normal, mas tive que ficar de repouso o último mês para ela ter mais oxigenação.
E no dia 08/09/2016 veio ao mundo pesando 3850 kg, e 52 centímetros, minha gordinha,de cesária porque depois de duas em curto período de tempo não dava para tentar normal.
Ela nasceu muito linda (e ainda é), bravinha e chorando forte, logo nos primeiros momentos de vida vi que ela tinha uma personalidade forte, e chorava com urgência quando queria mamar.
A escolha do nome dela é outra peculiaridade,eu sonhei um dia (antes da ultrassom em que saberíamos o sexo), com a Rapha brincando com uma menininha meio loirinha , e ai eu falava "Rapha e Sophia parem de brigar", na hora da ultrassom a médica falou é menina,(queríamos um menino) e me perguntou se já tínhamos nome, meu marido falou Beatriz, e eu disse, "não vai ser Sophia", como ele sabia do sonho não disse nada, mas estranhou eu não colocar o nome que eu falava desde que namorávamos, a Sophia escolheu o próprio nome e a mesma cena do meu sonho já aconteceu.. engraçado né?
Voltando ao nascimento da Sophia, com poucas horas de vida eu achei os dedinhos dela roxinho e já fiquei muito preocupada, chamei a enfermeira que disse que podia ser frio, mas eu sabia que não era, e já exigi a pediatra no quarto, pedi pra fazer o eco, ela disse que não precisava, eu falei, "coloca ela no oxímetro", e a oxigenação não estava normal, mas como ela não tinha 24 horas ( que é quando se faz o teste do coraçãozinho) ela me acalmou, explicou tudo e disse que pediria a avaliação da cardiopediatra, que pediria somente para me acalmar e por causa do histórico, mas que ela acreditava que o exame daria normal.
Engano dela, o exame deu alteração e a Sophia foi diagnosticada com uma CIV bem pequena mas que em primeiro momento não precisaria nem de remédio muito menos de cirurgia (Graças a Deus).
Ela foi acompanhada até um ano pelo cardiopediatra, mas está bem .!!
A experiência de ser mãe de anjo abala nossa fé, nossas estruturas e nos despedaça de tal forma que nem sei como levantamos todos os dias... Ser mãe depois de 2 abortos e perder um filho de cinco dias em uma mesa de cirurgia, foi bem difícil, pois alternava a alegria de tem um filho com a tristeza de não ter o outro e até hoje é assim... uma parte de nós morre junto com os nossos filhos e a outra sufoca cada dia de medo de perder os que estão conosco.
A Sophia foi a única filha minha que veio pra casa certinho, e não foi para a UTI ,com ela eu entendi de verdade que era outra história, outra vida .
O nome dela significa sabedoria e foi exatamente isso que o nascimento dela me trouxe, enquanto a Rapha deu a luz a própria mãe quando nasceu,me fazendo renascer, a Sophia trouxe paz, um ponto de equilíbrio, maturidade espiritual e ,me ensinou a confiar um pouco mais.
A minha furaçãozinha( a menina é brava), tem o sorriso que derrete qualquer coração é muito amiga da irmã (apesar de brigarem muito), grudada com o pai, chicletinho da mãe e me fez entender que o meu medo de não dar conta de não amar tanto quanto amava a irmã era infundado, porque o amor de mãe é elástico aumenta de uma forma que não conseguimos entender..
Agradeço a Deus que fez do meu pranto dança, me deu esperanças para prosseguir... ainda não entendo muitas coisas, ainda questiono o porquê, mas agora tenho 2 lindos motivos para acordar, levantar e lutar.
Elas não substituem e nunca irão substituir o irmão, mas eu consigo finalmente sorrir, e ser feliz mesmo sendo uma mãe divida entre a saudade eterna e a alegria terrena.
Sophia com 1 Ano
O meu mundo
"O amor de uma mãe por seu filho, é algo tão extraordinário, que não existem barreiras. Ele transpassa o tempo e o espaço, e alcança a eternidade." (Trecho do texto Saudade de Fernanda da costa Xavier)
domingo, 1 de julho de 2018
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
Existe vida depois da perda de um filho?
Estes dias estava pensando nesta pergunta... e confesso que não soube o que responder...
Dia 28/10/17 o Faelzinho teria feito 5 anos e dia 01/11 fez cinco anos que ele faleceu.
Confesso que a Fernanda que existia antes , não existe mais... Ela foi enterrada junto com o meu filho.
Precisei sobreviver, eu continuei , só isso...
Eu levantava (quando eu dormia), ia no banheiro, comia, tomava banho em completa osmose.
Durante a minha licença maternidade , eu simplesmente existi , mas inerte deitada em uma cama pedindo a morte.
Voltei a trabalhar e só. não fazia nada em casa, quase me separei... e um dia me vi gravida de novo, da Raphaela , minha bebe arco-iris .
Eu sempre falo que Deus me fez renascer das cinzas através da vida dela.Ela me deu a luz , ela me trouxe luz, me trouxe esperança...
Mas nunca tomou o lugar do irmão... então como uma mãe incompleta eu aproveitei e aproveito cada minuto com ela. Digo incompleta porque um pedaço de mim mora no céu , uma parte de mim ainda se questiona sempre como seria se ele estivesse aqui... enfim ...
Bom , voltando , logo depois venho a Sophia , minha surpresinha, a filha da minha maturidade, minha caçula, a que me deu coragem , me encheu de esperança e me fez perceber que eu não controlo nada. A Sophia e a Rapha me fizeram recuperar a vontade de viver , de ser feliz mesmo que uma parte de mim vá sempre estar morta...
Então voltando a pergunta, existe sim vida depois da morte de um filho, mas não uma vida tolamente plena. Você provavelmente nunca mais irá sorrir como antes, não irá mais achar graça nas trivialidades , vai ter dia que você não vai querer sair da cama , mas vai levantar e outros que não vai querer sair mesmo e realmente ficará lá.
Você certamente vai se irritar com as condolências com as frases feitas, vai brigar com Deus, vai achar q
Dia 28/10/17 o Faelzinho teria feito 5 anos e dia 01/11 fez cinco anos que ele faleceu.
Confesso que a Fernanda que existia antes , não existe mais... Ela foi enterrada junto com o meu filho.
Precisei sobreviver, eu continuei , só isso...
Eu levantava (quando eu dormia), ia no banheiro, comia, tomava banho em completa osmose.
Durante a minha licença maternidade , eu simplesmente existi , mas inerte deitada em uma cama pedindo a morte.
Voltei a trabalhar e só. não fazia nada em casa, quase me separei... e um dia me vi gravida de novo, da Raphaela , minha bebe arco-iris .
Eu sempre falo que Deus me fez renascer das cinzas através da vida dela.Ela me deu a luz , ela me trouxe luz, me trouxe esperança...
Mas nunca tomou o lugar do irmão... então como uma mãe incompleta eu aproveitei e aproveito cada minuto com ela. Digo incompleta porque um pedaço de mim mora no céu , uma parte de mim ainda se questiona sempre como seria se ele estivesse aqui... enfim ...
Bom , voltando , logo depois venho a Sophia , minha surpresinha, a filha da minha maturidade, minha caçula, a que me deu coragem , me encheu de esperança e me fez perceber que eu não controlo nada. A Sophia e a Rapha me fizeram recuperar a vontade de viver , de ser feliz mesmo que uma parte de mim vá sempre estar morta...
Então voltando a pergunta, existe sim vida depois da morte de um filho, mas não uma vida tolamente plena. Você provavelmente nunca mais irá sorrir como antes, não irá mais achar graça nas trivialidades , vai ter dia que você não vai querer sair da cama , mas vai levantar e outros que não vai querer sair mesmo e realmente ficará lá.
Você certamente vai se irritar com as condolências com as frases feitas, vai brigar com Deus, vai achar q
sábado, 28 de fevereiro de 2015
O Nascimento da Raphaela - Minha bebê Arco- íris
Mudaste o meu pranto em dança, a minha veste de lamento em veste de alegria,
para que o meu coração cante louvores a ti e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te darei graças para sempre." SL 30
Já tem uns meses que eu estou ensaiando para voltar aqui e escrever sobre a experiência do nascimento da Raphaela.
Tantas vezes eu sentei em frente ao computador e simplesmente não conseguia escrever.São tantos sentimentos misturados, que eu não conseguia colocar-los em ordem .
Graças a Deus a Raphaela nasceu bem (e muito linda parecendo o irmão), no dia 18/11/2014 às 19 hrs ,com 49 centímetros pesando 3088kg, de parto cesárea (nem eu nem minha media quisemos arriscar um parto normal, depois do primeiro parto ter sido cesárea em menos de dois anos, e com os problemas que tive), Nasceu linda e gritando muito( o pulmão dela funciona super bem rsrs).
Durante minha estadia no hospital, meu leite não desceu, nem o colostro. Foram chamadas várias enfermeiras e medicas para me ajudar, e todas me apertavam , como se eu quem não quisesse amamentar , para depois constatarem que realmente eu não tinha leite. Viemos pra casa eu com uma receita de um remédio que me ajudaria a ter leite e com a recomendação de coloca-la para mamar para que o leite descesse, e que era normal em partos cesárea o leite descer só depois de 72 horas.E que eu não me preocupasse de a minha filha não ter tomado nada porque os recém-nascidos nascem com um estoque energia.
Viemos pra casa e em menos de 24 horas minha filha estava queimando em febre, deu dois picos de 38 e eu corri para o pronto socorro com ela.
Como ela só tinha três dias de vida (e uma febre dessas podia ser qualquer coisa), a médica me disse que iria interna-la na UTI Neo, porque ela podia estar com sepse neonatal(um tipo de infecção generalizada).
Solicitou diversos exames, dentre eles o de Liquor, o exame que é feito para saber se a criança tem meningite , onde é tirado o líquido da espinha, e furam a minha filha três vezes e não conseguiram tirar o tal do liquido ...
Bom subimos para a UTI e chegando lá para minha surpresa, ela ficou internada no mesmo leito que o meu filho tinha ficado... foi um momento de
muito dor, muitas lembranças .
Apesar do medo, da angustia de ver minha filha fazendo exames tão invasivos, sendo constantemente furada, pude perceber o Senhor me carregando no colo.
um dos momentos de maior sufoco, foi ficar internada com a Rapha no mesmo leito que há dois anos atras eu fiquei internada com o meu Fael.
Sofri vendo um casal receber a noticia da morte do filho, e foi inevitável lembrar de quando eu recebi a mesma noticia...
Me alegrei em ver alguns milagres acontecer ali naquela UTI.
Esses foram dias de amadurecimento, dias de crer e depender totalmente de Deus.
Todos os dias e tinha que controlar o medo , controlar a minha mente e orava sem sessar.
O Senhor quis me mostrar que dessa vez seria diferente, e graças a Deus foi.
Nasciemnto da Raphaela:
Nascimento do Fael meu anjinho:
terça-feira, 28 de outubro de 2014
Vossa Vã Teologia: Lições da Vida – Para Pais de anjo
Vossa Vã Teologia: Lições da Vida – Para Pais de anjo: Esse post de hoje é dedicado a todos os papais que como eu são pais de anjinhos, espero que possa auxiliar na vida de vocês. Dia 28 de ...
E hoje teria uma festa...
“A Saudade é o revés do parto, a saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu” – Chico Buarque
Há dois anos no dia 28 de Outubro de 2012,Às 12:14 hrs, pesando 3,945 quilos, 49 centímetros com quase 41 semanas, vinha ao mundo o motivo da minha alegria. Aquele a quem eu tinha esperado por pouco mais de nove meses, (de parto cesárea pois não tinha dilatação e já havia passado o tempo que os médicos acham seguro induzir um parto, principalmente quando a mãe desenvolveu uma hipertensão na gestação). Vinha ao mundo o meu amor, (ou a pessoa que me fez entender o que era o amor em toda a sua plenitude). Vinha ao mundo aquele que me tornou mãe, nascia meu Faelzinho.
Gostaria de poder dizer que este texto é sobre a festa que eu estaria organizando pra ele, de como ele está grande e esperto, mas este texto é só um desabado de uma mãe que por mais que tente, sente o coração apertado, tem o colo vazio, uma mãe que sente saudades do que viveu e do que não viveu. Este é mais um texto de uma saudade infinita.
Os cinco dias que o Senhor me permitiu estar com ele , me ensinaram que não há amor maior do que o de uma mãe por um filho, do que a de um pai por seu filho.
O Faelzinho com os seus olhinhos pretos e espertos que me olhavam fixamente e tocavam o mais profundo da minha alma, me ensinaram que o amor é bem mais do que eu imaginava.
No texto de hoje , não quero focar só na minha tristeza de não ter o meu filho comigo, nos dias e dias que chorei e choro a sua ausência, ou em como ao escrever agora, as lágrimas caem da minha face.
No texto de hoje quero focar na alegria que senti ao ouvir pela primeira vez o som da voz do meu bebê, na alegria que senti quando a enfermeira o colocou pertinho do meu rosto e ele reconhecendo a voz da mamãe parou imediatamente de chorar, em como me descobri totalmente rendida ao um amor sem limites ao pega-lo no colo a primeira vez, e quando me lembro de tudo o que Deus me permitiu viver com o meu bebe, consigo agradecer. Agradeço por ter conhecido e vivido estes momentos que vivi com o meu Fael.
Alguns de vocês que me leem e acompanham minha história até hoje, podem pensar no porque eu ainda insisto em falar do filho?, Em lembrar datas? ,E eu respondo que é porque eu ainda sou mãe, mesmo que não tenha ficado noites em claro trocando fralda, amamentando. Eu ainda sou mãe, mesmo se eu não tenha visto os primeiros passos, ouvido as primeiras palavras, e podem se passar vinte anos eu ainda serei mãe, e ainda imaginarei como meu filho seria...
E como mãe não dá pra esquecer o que está gravado em mim, não dá pra esquecer e nem fingir que não existiu uma parte do meu coração...
Saudades do meu príncipe...
Filho mamãe te ama hoje e para todo sempre
Parabéns meu bebê, meu príncipe, o que eu não daria pra estar com você...
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quarta-feira, 22 de outubro de 2014
O colo que não dei parte 2- O outro lado da saudade- Como ficou a minha vida nos dois anos da perda do meu filho.
Como muitos de vocês sabem eu tive um filho com uma rara cardiopatia chamada SHCE (Síndrome da Hipoplásia do Coração Esquerdo), que infelizmente viveu somente cinco dias, não resistiu ao primeiro procedimento cirúrgico.
No primeiro texto eu expliquei pra vocês que o Faelzinho na verdade foi fruto da minha segunda gestação , eu perdi um na barriga antes dele.
O motivo de escrever este texto é compartilhar com vocês um pouco da dura experiência que é ser mãe de anjo. Existiu uma Fernanda antes do Faelzinho e uma após a sua volta para os braços do Pai. Nós mães de anjos, até conseguimos falar da dor que é não ter nossos filhos, da saudade que sentimos deles, mas poucas vezes falamos sobre como é tentar sobreviver depois deles. No primeiro momento assumimos que não há mais vida. Eu assumi que não havia mais nada pra mim neste mundo, entreguei minha alma pra Deus e pedi que me levasse, eu precisava ficar com o meu bebe.
A Fernanda de antes, mesmo não sendo muito vaidosa, gostava de se arrumar tinha um riso fácil, era mais fácil de lidar (apesar de ser muito teimosa), enfim era muito mais alegre.
Perder o meu Fael (depois de ter perdido o primeiro bebê) foi algo que ainda não consigo denominar, simplesmente me arrasou. Posso comparar sem medo de errar que fiquei devastada como se houvesse passado um furação na minha vida, tudo saiu do lugar, nada estava certo. Não me parece certo por exemplo, uma mãe enterrar o filho, não acho antural.
Esse primeiro momento durou na minha vida pelo menos um ano.Um ano onde eu não vivia, não fazia nada, não me arrumava, não arrumava minha casa, nos primeiros cinco meses fiquei deitada e só levantava quando ia pra Ong.
Após esses cinco meses, voltei a trabalhar, desenvolvi síndrome do pânico, não conseguia sair sozinha de casa, meu marido mudou de horário no trabalho pra pelo menos me buscar no trabalho. Continuei a trabalhar porque a minha supervisora da época me ajudou bastante, e porque encontrei apoio em uma amiga de trabalho que também tinha perdido seu filhinho na mesma época que eu.
Ainda assim não fazia nada somente trabalhar, comecei a comprar mais vezes na semana pizza, e eu que odeio comida congelada, vivia comendo. Se para a sociedade ser uma boa esposa é lavar, passar , cozinhar , então definitivamente eu não era uma. Minha depressão atingiu níveis altos, mas não queria tomar os remédios receitados pelo psiquiatra, não queria me tornar depende.
Sempre lia relatos de algumas mãezinhas que além de perder o filho acabavam perdendo seus companheiros que não aguentavam tanta tristeza, pois também tinham a sua dor para lidar, e pensava que era muito abençoada, afinal meu marido estava sempre ao meu lado.
Engano meu, no final de quase um ano da perda do meu filho de noites inteiras sem dormir só chorando, ou na internet, me casamento começou a dar indícios de que estava capengando.
Tivemos muitos problemas e quase nos separamos. E pra falar a verdade naquele momento só fiz um esforço maior pra não acabar porque queria muito ter outro filho, e queria que fosse com ele.
Mas meu marido havia decidido que não queria outro filho, e ai eu tive que abrir mão do meu sonho, porque percebi que ainda o amava, e teria que esperar a hora certa pra tentar novamente.
Deus ouviu minhas orações e mudou o coração dele, e resolvemos em Dezembro de 2013 que voltaríamos a tentar novamente.
Engravidei e perdi com quase 5 semanas, e ai era o sinal vermelho, não tinha um motivo, já que tínhamos feito aconselhamento genético e estava tudo certo. Meus exames davam normal. Não entendia o porque mais uma vez me era negada o sonho de ser mãe. Mais um golpe e a tristeza aumentava, a saudade aumentava, mas já tinha aprendido a esconder mais meus sentimentos, a controlar mais os momentos de chorar, e como uma boa atriz no palco da vida aprendi a fazer a plateia sorrir, quando o meu coração insistia a não se curar.
Passou-se um mês e fomos comemorar o aniversário do meu marido (que faz aniversário em fevereiro ,no começo de março). E em abril descobri para minha surpresa que seria mãe novamente.
A gestação está correndo bem.A Raphaela nasce se Deus quiser dia 12 de Novembro . Tivemos algumas complicações, mas graças a Deus com repouso está tudo dando certo.
Este ano tivemos muitas turbulências na nossa casa, ainda fruto da tristeza e do vazio que sinto por não ter meu Fael comigo.
Esse ano dia 28 de Outubro ele faria dois anos de nascido, mas ao invés disto completará dia 01 de novembro dois anos da sua partida. E ainda tenho que ir ao cemitério para a exemução do seu corpinho... fechar mais um ciclo.
A vinda do meu filho me ensinou a ser mais humana, me importar de verdade com o outro, mas me deixou marcas profundas. Sei que jamais serei a mesma que era quando o carreguei no colo , quando o amamentei, quando o vi pela primeira vez, esta Fernanda ficou lá atrás num passado muito feliz que não existe mais.
A Fernanda de hoje tenta prosseguir, tenta aceitar o que não dá para mudar, tenta ser feliz, tenta reconquistar o que perdeu, mas continua prosseguindo.
A vinda da Raphaela tem me deixado bastante ocupada, e muito muito feliz também. Mas a Raphaela é única e tem um espaço só dela, que milagrosamente tem me feito renascer desde o dia que eu vi as duas risquinhas do positivo. Ela é meu sol após a tempestade, mas o Meu Fael também é único e nunca ninguém poderá tomar o lugar que pertence a ele.
Um filho não substitui o outro, amo os meus quatro bebes,( porque me considero mãe dos que perdi no inicio da gestação também) espero em Deus que Ele me conceda a honra de criar minha princesa, mas a saudade do meu príncipe ainda machuca muito.
Se você como eu perdeu um filho , sabe que agente tem saudade do que viveu e do que não viveu.
Não existe um manual pra sobrevivência, nem sei como agente continua viva, mas posso dizer que há como recomeçar, há como prosseguir, esquecer nunca esqueceremos, ao contrário parece que o tempo passa e o amor só aumenta.
Seus relacionamentos mudarão. Não só com os cônjuges. Algumas ficarão casadas e passarão por uma mudança enorme, terão que recomeçar todos os dias (Se você puder fazer isso o quanto antes sofrerá menos). Algumas não importam o tamanho do esforço que você fizer (ou não), simplesmente o seu relacionamento irá desmoronar, perder um filho é tão difícil para a mulher quanto para o homem.
O que você deve saber é que mesmo que pareça que não , e que você como eu brigue com Deus, se revolte com Ele, ainda assim Ele estará de carregando, fale com ele mesmo que seja pra brigar como eu fazia ( e confesso ainda faço), porque eu creio que ele recolhe suas lágrimas e te carrega no colo.
Eu sei que se estou ainda em pé é porque o Senhor me carregou.
Até a próxima postagem, deixem seus comentários.
By Fernanda da costa Xavier
*Texto de autoria de Fernanda da costa Xavier, nunca esquecer de mencionar a fonte e autoria do texto se for utilizar
Se já chegou até aqui leiam também o texto que o meu marido fez contando como é e foi pra ele o outro lado da saudade.Lições para pais de anjo.
Acesse:
http://vossavateologia.blogspot.com.br/2014/10/licoes-da-vida-para-pais-de-anjo.html
domingo, 5 de janeiro de 2014
Esperar em Deus
"Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança"(Lm 3.21)
No começo do meu casamento eu me descobri grávida. Não tínhamos condições de ter um filho. Eu estava desempregada, meu marido ganhava bem pouco, mais eu queria muito aquele filho.
Infelizmente Deus não quis que este sonho se realizasse naquele momento e perdi meu filho com oito semanas de gestação.
Muitas pessoas me disseram que eu teria muitos outros mais isso não animou meu coração, ao contrário, me deixava bem triste. Mais eu não desisti. Ouvi do médico que podia tentar novamente em seis meses e foi oque eu fiz.
Foram os seis meses de espera que eu mais tive fé. Orava muito, buscava ainda mais a face do Senhor. E me via como Ana, muitas vezes só chorando, as palavras já não conseguia expressar o tamanho do meu desejo de ser mãe.
E Deus me abençoou, a espera finalmente tinha valido a pena. Meu Fael crescia Dentro de mim. A gravidez foi difícil, mas sempre aprendi que as bênçãos de Deus sempre vêm após as tribulações.
Finalmente eu estava ali com o meu filho no meu colo, meu coração estava tão alegre que eu nem conseguia me segurar .
Aqueles olhinhos que me olhavam como se eu fosse a melhor coisa do mundo, que me olhavam com um amor verdadeiro e desinteressado. Rendi e rendo graças a Deus por ter me permitido viver e sentir este amor tão lindo, tão grande, que creio ser o mesmo amor que Deus tem por nós.
Mais uma vez, entretanto, eu veria meu sonho desmoronar, pois depois de cinco dias a contra gosto e com muita revolta tive que devolver meu filho ao Senhor.
Mas dessa vez eu cai, não tinha mais forças para orar, nem para esperar nada . Meu coração ficou vazio sobrou somente a dor de não ter meu filho.
As pessoas me diziam novamente: “Deus te dará outros filhos”, “Deus é bom” e isso só me irritava, eu não queria outros filhos eu não queria ter fé, porque eu tinha tido fé, eu tinha tido esperança e foi tudo em vão.
Achei que fosse morrer, eu pedia a morte para Deus constantemente, minha vida virou de cabeça pra baixo, quase perdi meu marido, na verdade nem me importava muito, a minha família jamais seria completa novamente.
Mais Deus não precisa de nós para trabalhar, Ele continuava me carregando no colo, cuidando de mim, do meu casamento, e colocava constantemente pessoas em nossa vida que nos abençoava. Ainda assim eu não queria, nem conseguia ver que Ele estava trabalhando por nós.
Aos poucos a esperança foi renascendo em nosso coração, a vontade de ser pais continuou a crescer, e agora esperamos em Deus que Ele nos abençoe novamente com um filho lindo como o meu Fael.
O Fael não nasceu com um coração especial a toa, o “meio coração” dele me fez conhecer um mundo de fé e força, mães que lutam com seus guerreiros e vencem todos os dias uma pequena batalha sempre com muita esperança em um futuro que é incerto.
O exemplo delas me deu forças para continuar vivendo, e tem feito crescer dentro do meu coração a vontade de lutar pelo meu sonho , de esperar mesmo que demore, mesmo que não pareça impossível, pois a sua palavra Diz que devemos trazer a memoria quilo que nos traz esperança.
O profeta Jeremias escreveu essa frase em uma época em que Jerusalém estava cativo na Babilônia, e o povo estava sofrendo muito. A situação era muito desfavorável e ainda assim ele esperava em um Deus que parecia distante. É assim que eu quero a minha vida esperando mesmo que Deus pareça estar muito longe.
Já faz um ano e quase dois meses do nascimento do meu filho, e todos os dias ainda luto contra a dor que quer me sufocar. À diferença é que hoje já consigo ter mais controle da dor e da saudade.
Para as mamães que estão passando pelo mesmo que eu não é fácil voltar a ter fé e esperança, na verdade é um exercício diário, tem dias que não consigo pensar dessa forma. Oro por todas e sei que tem muitas que oram por mim.
Que Deus nos ajude a continuar a caminhar e que esse sonho em nossas vidas não se frustre.
by Fernanda Da Costa Xavier
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